04/09/2014

Fim de uma história

Não é pau, não é pedra, mas é o fim do caminho.


O Projeto UCA foi encerrado em 2013.

Foi uma experiência fantástica para quem nele se envolveu: professores, gestores e estudantes de escolas públicas, o pessoal vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação e do Programa de Pós-graduação em Informática da PUC Minas que atuou na formação docente.

O Projeto UCA, queiramos ou não, passa a ser um marco na história da informática na educação brasileira. Ao inovar no uso 1:1 do computador (laptop educacional), ao introduzir a tecnologia móvel, ao estimular a inovação pedagógica aliada à inovação tecnológica, o Projeto marcou um novo tempo em uma história do uso do computador nas escolas brasileiras iniciada nos anos 1980. O Projeto UCA foi a página que abriu um novo capítulo no livro da história da informática educativa no Brasil.

O Projeto UCA foi desenhado, nos pilotos, para revelar o que dá certo e o que não dá certo quando se integra a tecnologia móvel na escola conectada. Ninguém envolvido no Projeto sabia o que aconteceria, a proposta do Projeto era pioneira no mundo inteiro. Por isso a escolha legítima de um caminho de experimentação, em pilotos, nas mais diversas realidades do país (escola urbana, rural, em quilombolas e aldeia indígenas, escolas do Ensino Fundamental, do Ensino Médio).

O Projeto UCA inovou quando fez do professor da escola da Educação Básica partícipe de pesquisas sobre a incorporação da tecnologia móvel na escola pública. O edital especial CNPq/CAPES, que fomentou pesquisas sobre o Projeto UCA foi ímpar, quando permitiu uma inovadora forma de fazer pesquisa em educação, tendo também como pesquisadores professores e gestores que faziam o Projeto acontecer nas escolas. A pesquisa no UCA não foi só obra da Academia. 

Ideias a partir dessa nova forma de fazer pesquisa foram estratégicas para o Edital 13/2012 para apoio à pesquisa na Educação Básica, promulgado pela FAPEMIG em parceria com a CAPES.

Lamentavelmente muita gente não entendeu (ou não quis entender) que na experiência no Projeto UCA se buscavam indicadores para uma implantação cuidadosa da tecnologia móvel na escola pública brasileira, de tantas facetas, e proclamou, aos quatro ventos,
aquilo que viu como fracassos de um projeto; não foram capazes (talvez porque interesse não houvesse) de encontrar sucessos. Nessa busca  que empreendemos, com responsabilidade, obtivemos sucessos e fracassos, coisa natural quando se testa a coisa que é inédita. Construímos saberes.

O UCA era um projeto para que aprendêssemos, juntos, em uma iniciativa pioneira. Alguns, em especial na mídia, não quiseram entender isso. Achavam que tínhamos que começar sabendo e, assim, nos tiraram o direito de errar enquanto aprendíamos. Desceram o pau, jogaram pedra. Mas resistimos, porque acreditávamos na proposta.

Os sucessos e fracassos do Projeto UCA são, hoje, referenciais essenciais para quem pretende introduzir tecnologias móveis, no uso 1:1, na escola com acesso permanente à internet. 

O novo curso que se desenha para o ProInfo, de "Educação na Cultura Digital", incorpora  - sensatamente - os resultados do Projeto UCA. Sim, o Projeto UCA nos disse muito até sobre a formação continuada (em serviço), sobre os cuidados para que ela aconteça e logre sucesso, assegurando a participação efetiva, comprometida de todos os envolvidos.

Em algumas escolas ações por conta do Projeto UCA continuam, ainda que ele se encerre enquanto iniciativa do MEC.


O Projeto UCA se vai e deixa saudades. Mas a experiência nele construída, com tantos colaboradores, fica e deixa a reflexão para muitas (novas) possibilidades na integração curricular das tecnologias digitais de informação e comunicação. O Projeto UCA mostrou que podemos fazer diferente e fazer diferença. Isso é essencial para a educação.